A prática de exercícios físicos, que já não era uma constante na vida de muitos idosos, parece ter ficado ainda mais difícil durante a pandemia do novo coronavírus.
Primeiro porque as atividades em academias, clínicas de reabilitação e clubes foram interrompidas por exigência das autoridades nos seis primeiros meses de crise sanitária no Brasil. Depois, quando foram liberadas, porque os alunos tiveram (e ainda têm) receio de voltar às práticas físicas em ambientes fechados por medo da infecção por Covid-19.
O que trouxe consequências para os idosos que não conseguiram manter-se ativos nestes últimos meses: aumento do peso corporal, piora das lesões articulares, diminuição da massa muscular e óssea e elevação dos níveis glicêmicos. Isso sem falar em questões relacionadas à saúde mental.
Mas sempre é tempo para cuidar da saúde e se prevenir de doenças. Como no primeiro dia de outubro comemoramos o Dia Internacional da Terceira Idade, convidamos a fisioterapeuta Karla Zaghi Verri para dar dicas de como a melhor idade pode — e deve! — manter uma rotina de exercícios com cuidado e segurança.
A principal recomendação é para que o idoso seja assistido por um profissional adequado e capacitado, seja por vídeo ou ligação de celular, para não se exercitar de maneira incorreta.
Sem orientação, o idoso pode ter desconforto, alterações de frequência cardíaca, de pressão arterial, de temperatura e até mesmo ser acometido por lesões articulares e musculares — os casos nos consultórios de médicos ortopedistas são bastante comuns.
E mesmo sob orientação de um profissional, é importante que a família esteja presente durante a execução dos exercícios. Tanto para supervisionar quanto para oferecer os acessórios prescritos: garrafas pets, cabos de vassoura, halteres, tornozeleiras, almofadas, entre outros.
Se houver indicação médica, é recomendável também aferir sinais vitais como pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura e oxigenação (com um oxímetro).
“É importante estar sempre presente para ajudar o idoso caso não se sinta bem durante a execução e também se preocupar com a hidratação, porque pode se desidratar facilmente e sem perceber”, diz Karla.
Com relação à escolha do local da prática das atividades, o mais adequado é aquele arejado e considerado seguro. Ou seja, o piso não pode ser escorregadio e não deve haver obstáculos que aumentem o risco de quedas. O apoio de barras e/ou cadeiras também é importante.
Pacientes que foram infectados pela Covid-19 podem apresentar sequelas e, por isso, é necessária uma avaliação prévia. O consenso de Stanford Hall para reabilitação pós-Covid-19, de maio de 2020, diz justamente que ela deve ser individualizada e de acordo com as necessidades e comorbidades de cada paciente. Mas há orientações gerais indispensáveis a todo tratamento.
A reabilitação deve ser focada em aliviar os sintomas da dispneia (falta de ar), diminuir o estresse psicológico e incluir a participação do paciente no processo para melhora física e qualidade de vida.
“Recomenda-se exercícios respiratórios de baixa intensidade, com 3 METs (estimativa do gasto energético) ou equivalente para pacientes com oxigenioterapia e sempre monitorando os sinais vitais”, orienta Karla.
Pacientes que permaneceram internados por muito tempo — ou com ventilação mecânica — podem manifestar a Síndrome da Imobilidade, com alterações musculoesqueléticas, polineuropatias ou neuromiopatias. Como também podem ter perda de massa muscular ou atrofia muscular, é necessário fazer exercícios resistidos com orientação profissional. Se houver diminuição de força muscular, exercícios de condicionamento físico são recomendados.
Cuidar da saúde é essencial em todas as etapas da vida e, por mais que a pandemia tenha dificultado a prática de atividade física, não deve ser motivo para que cesse totalmente. Tudo, é claro, sob orientação de um profissional capacitado. Pronto para cuidar da sua saúde?