A pandemia e as restrições de isolamento social influenciaram o comportamento de corredores. Se antes da Covid-19 os praticantes do esporte corriam para competir e socializar, agora o foco maior está em ter um preparo físico, aliviar o estresse e ocupar o tempo.
Isso é o que consta em recente artigo publicado pela revista científica Plos One, dos EUA, intitulado “Comportamentos de corrida, motivações e risco de lesões durante a pandemia Covid-19: uma pesquisa com 1147 corredores”.
Como o título deixa bastante claro, não foram apenas as motivações que entraram em pauta, mas também o risco de lesões. E o resultado é que o aumento repentino do volume de corrida, com diminuição de intensidade, fez crescer — no comparativo com o ano anterior — o risco de lesões agudas por uso excessivo dos membros inferiores.
As lesões mais citadas no estudo americano são as tendinopatias de Aquiles, as tensões e dores na panturrilha e a canelite. É sobre esta última que vamos falar neste artigo.
A canelite, também chamada de periostite, é a inflamação da camada que reveste o osso — a “pele do osso”. Normalmente está relacionada às atividades com mais impacto e ao overuse (excesso de repetições em determinado movimento e que pode provocar microtraumas locais).
Isso significa que os amantes da corrida de longa distância têm que estar atentos. A canelite pode evidenciar um problema de movimento e pode surgir quando a pessoa começa de repente a correr trajetos longos e de forma muita intensa.
Médico especialista em medicina esportiva, Dr. Renato Morelli diz que o principal sintoma da canelite é a dor na face interna da perna, a canela — o que explica o termo. O incômodo vai piorando com a prática da atividade com impacto, como a corrida.
O tratamento varia conforme a gravidade da lesão e é iniciado com medicamentos e fisioterapia. “No entanto, é essencial a diminuição ou parada da atividade por um período para evitar que o quadro se torne crônico e dificulte ainda mais o tratamento”, explica o médico ortopedista especialista em joelhos.
Gelo, compressas quentes e repouso também estão entre as recomendações iniciais para aliviar a inflamação. O retorno ao esporte deve ser feito de maneira gradual, com diminuição do tempo da corrida e frequência semanal. Ou seja, uma pessoa que tinha o hábito de correr 5 vezes por semana irá começar com 2 e aumentar aos poucos.
O risco de lesões agudas, como a canelite, é maior em corredores de longa distância, mas a boa notícia é que é possível preveni-la. Dr. Renato reforça que, para isso, é preciso manter a musculatura bem desenvolvida. Além disso, é preciso usar calçados adequados e palminhas com silicone para diminuir o impacto.
A prática esportiva diminui o estresse, reduz outros problemas de saúde e melhora a qualidade de vida, mas é importante ter atenção ao preparo físico. Contar com a orientação de um profissional com relação ao volume e intensidade do exercício é o mais recomendado para que não haja risco de lesões.